Vivência

Vivência

quarta-feira, 15 de abril de 2015


Resumo da Proposta:

A proposta de trabalho Ciclos de Cooperação Dialógico-Vivencial no Campo da Extensão Universitária, visa dar continuidade as ações do PROBEX-2014. Nessa edição as ações de extensão são classificadas em projeto, como prática que interliga atividades de extensão a de ensino e de pesquisa se encaminhando para a perspectiva da produção interdisciplinar de conhecimento que ocorre em meio a problematizações que consiste num empreendimento coletivo (e controverso) para conhecer as realidades sociais através de diálogos interculturais e multi(inter)disciplinares com representantes das Aldeias Indígenas  e das organizações de Matriz Africana.






Caracterização do Problema
Neste projeto de extensão o problema focalizado, são os saberes disciplinares isolados e a dificuldade no campo da formação de transcender a organização disciplinar do conhecimento. O termo interdisciplinaridade segundo Lélé & Norgaard (2005, p.967), colabora para “descrever todos os tipos de cruzamentos entre as disciplinas, desfazendo as sutis diferenças entre multi, inter e trans, levantadas em discussões mais elaboradas sobre o assunto”.  Aspecto, que requer no campo da extensão uma metodologia de base interdisciplinar que ajude a transcender os limites circunscritos pela organização disciplinar do conhecimento nos campos das Ciências Biológicas, das Ciências Exatas, das Ciências Humanas e Sociais e das Ciências Agrárias. Portanto, cabe aqui problematizar quais são os significados da interdisciplinaridade na formação de estudantes-extensionistas? Se o significado de interdisciplinaridade evidência um cruzamento de saberes disciplinares no campo científico da cooperação e da comunicação?  Este são problemas de fundo que anima as análises que dá sentido ao debate da (multi(inter)disciplinaridade no campo da extensão, suas possibilidades e impasses.




Justificativa:
O projeto Ciclos de Cooperação Dialógico-Vivencial no Campo da Extensão Universitária, num víes interdisciplinar, constitui uma proposta no tripé extensão, ensino e pesquisa, com a finalidade de aproximar o conhecimento com a realidade social em suas dimensões: históricas, culturais, linguísticas, econômicas e  políticas. O foco na formação de estudantes-extensionistas prevê certas especificidades temáticas para as quais as disciplinas isoladamente são insuficientes, assim, a interdisciplinaridade, surge como processo na produção de conhecimento para explicar fenômenos complexos e interdependentes, como os problemas ambientais, cada vez mais relacionados à educação,a cultura, a comunicação e ao desenvolvimento. Deste modo, a relevância acadêmica dessa proposta se dá na articulação das atividades formativo-vivenciais e de estudo com o Projeto Pedagógico do Curso de Graduação  articulado ao estatuto ou regimento, com as adaptações regulamentares sobre  as atividades complementares  que  têm a finalidade de enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, privilegiando a complementação da formação. Nessa proposta as atividades complementares serão integralizadas via o curso de extensão que traduz compatibilidade de carga horária e conteúdo programático, a ser trabalhado mediante o viés da  interdisciplinaridade.
A relevância acadêmica da proposta também se dá através formação extracurricular que favorece estudantes vinculados ao Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) que constitui um dos instrumentos de cooperação educacional, que o Governo brasileiro oferece a outros países em vias de desenvolvimento, especialmente da África e da América Latina. Originado de forma pontual desde o final da década de vinte, tendo sido administrado exclusivamente pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE ou Itamaraty) até o ano de 1967, o PEC-G é desenvolvido, desde então, com base na assinatura de Protocolos conjuntos com prazos indeterminados entre dois Ministérios: o da Educação (MEC), com a participação das Instituições de Ensino Superior (IES), e o MRE,com a participação das Missões diplomáticas e Repartições consulares. 

Esses protocolos, avaliados periodicamente em função dos resultados apresentados pelo desempenho dos estudantes–convênio e das observações encaminhadas pelas IES participantes aos gestores do PEC-G, juntamente com o Manual do Estudante-Convênio, constituem a regulamentação própria do Programa, tudo de acordo com o Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80, Lei 6.964/81 e Decreto nº 86.715/81).  Como beneficiário de Acordos culturais, o estudante-convênio tem direitos e deveres específicos de sua condição de participante do PEC-G, que o diferenciam dos estudantes regulares. A observância rigorosa dos deveres inclui a dedicação exclusiva aos estudos: como o estudante-convênio vem ao Brasil exclusivamente para fazer um curso superior, não lhe é permitido trabalhar. Sua dedicação aos estudos deve ser total, para que seu índice de rendimento seja bom e lhe permita concluir o curso no prazo permitido. Em caso de estágio curricular, ou de participação em trabalho de iniciação científica, de Extensão Universitária e de monitoria, o estudante-convênio poderá receber bolsa, desde que não se estabeleça vínculo empregatício e nem se caracterize pagamento de salário pelos serviços prestados. 

Um dos critérios de seleção para que os alunos tenham acesso a bolsa de Auxílio Financeiro Projeto MEC/PROMISAES (Projeto Milton Santos de Acesso ao Ensino Superior), além da situação socioeconômica do aluno e/ou seu grupo familiar; rendimento acadêmico do aluno e o envolvimento do aluno em atividades acadêmicas relacionadas com o curso de graduação que está cursando; atividades de ensino, pesquisa e (ou) extensão, em que pesem, preferencialmente, as contribuições o contexto cultural e social do país de origem (oficinas, eventos, seminários, monitorias, projetos de extensão, etc.). 
Observamos que esses são aspectos que fortalecem a orientação do MEC para que os cursos ofereçam práticas extensionistas como forma de devolução à sociedade do conhecimento acumulado.
Segundo o parecer CNE/CES n.4/2005, o perfil desejado do formando em diferentes áreas é a capacidade de compreender questões de caráter cientifico, técnico, social e econômico, com a tomada de decisão em níveis graduais, assimilação de novas informações, apresentar flexibilidade intelectual e se adaptar a diferentes situações em seu campo de atuação, o que justifica a ênfase ao entendimento acerca da interdisciplinaridade em oposição aos conhecimentos especializados, já que a interdisciplinaridade possibilita um intercâmbio real e enriquecimentos mútuos na compreensão da multiplicidade de elementos que envolve  a realidade das comunidades. 
  

Objetivos:

O objetivo do projeto é desenvolver Ciclos formativos, de estudos e vivenciais numa perspectiva interdisciplinar, mediante uma atitude epistemológica e pedagógica que incorpora uma nova concepção da relação do sujeito com o conhecimento. Os objetivos específicos consistem em:
- Realizar os ciclos de Vivências/formações e estudos numa perspectiva interdisciplinar, de modo a corroborar com a formação profissional, humana e cidadã dos estudantes e ajudar na sua inserção político-social;
- Desenvolver a interlocução contínua com os professores colaboradores para monitorar o processo de desenvolvimento do trabalho interdisciplinar;
- Realizar  o planejamento das vivências com as lideranças das Comunidades Indígenas e de Matriz Africana, visando ações que atenda a demanda local;
-Apoiar ações organizada pela representação do PEC-G, que a cada ano realiza ações relacionadas ao contexto dos seus países de origem  abrindo para participação da comunidade acadêmica.


Fundamentação Teórica e Metodológica do Projeto:

A questão educacional, ambiental, cultural  é, mais que um campo disciplinar, pois nelas se entrecruzam o conhecimento técnico-científico; as normas e os valores; o estético-cultural, regidos por razões diferenciadas, porém não dicotômicas. Essas são questões  que requer um campo de comunicação intersubjetiva não viciado e não manipulado para que a região comunicativa possa se dar efetivamente.  Nesse sentido, pode-se considerar  que a análise e problematização destes e de outros temas indicados nessa proposta não cabem na unilateralidade, exigindo portanto, um olhar multifacetado e interdisciplinar.


Nessa perspectiva a interdisciplinaridade, no contexto da extensão ajuda a reconhecer a relação de reciprocidade, de mutualidade, de interação, que se faz por meio de trocas de conhecimentos visando ao enriquecimento mútuo. O diálogo do conhecimento científico e tecnológico com formas variadas de saberes, o saber tácito, o saber intuitivo, o saber popular, o saber informal, os saberes presentes em toda a expressão da vida humana – é estimulado nesta proposta de modo a deixar-se interpenetrar por elas, preservando-se, todavia, o olhar científico sobre o fenômeno em estudo e processos  formativos  nas atividades de  extensão. 
A expressão extensão, para os autores Freire (1982) e Botomé (1996), deveria ser substituída por outra, a expressão comunicação é sugerida, pois dá a ideia de diálogo que deve ser constante e profundo com a sociedade. Deste modo, a experiência educativa transformada em puro treinamento técnico, de acordo com Freire (1996, p.33) “[...] é amesquinhar o que há de mais fundamentalmente humano no exercício educativo: o caráter transformador”. Assim, o caráter interdisciplinar educativo na extensão é adquirida processualmente, a partir da agregação e apropriação de informações e conhecimentos fruto do acúmulo de experiências  engendradas.






 Esse constituinte interdisciplinar  na “extensão”, pressupõe referência do cotidiano vivido, na sala de aula que fornece os conteúdos dessa aprendizagem, potencializando um corpo de novas representações sobre a realidade num  campo de significações múltiplas e diferentes, que nos remete a noção de extensão  como processos interativos contínuos cada vez mais complexos e abertos a  possibilidades transformadoras, como uma espécie de articulação da prática de cooperação   entre vários sujeitos.

Procuramos delinear a metodologia com base no princípio da autonomia dos estudantes na construção do conhecimento, em que o processo de aquisição do saber é mais importante que o próprio saber. Deste modo, o projeto desenvolve diferentes estratégias (procedimentos específicos) para possibilitar e melhorar essa autonomia e, consequentemente, ajudá-los a construir com o próprio conhecimento. Consideramos que outro componente facilitador da autonomia e a interdisciplinaridade, sustentado pela teoria sociocultural proposta por Vygostsky e colaboradores, segundo a qual a aprendizagem ocorre a partir de interações significativas, são a chave para o desenvolvimento social, afetivo e, sobretudo, cognitivo.
 Deste modo, os ciclos formativos, vivenciais e de estudo, requer integrar partes, de estudantes em suas diferentes áreas daí que a interdisciplinaridade é uma necessidade que emerge não apenas na pesquisa, mas também na extensão, já que os ciclos aqui indicados são considerados espaço de cooperação, mas também de embates e divergências. Sendo assim, a interdisciplinaridade como bem aponta a socióloga e pesquisadora Fernanda Sobral, “estimula a cultura da diversidade, na medida em que amplia a participação de diferentes conhecimentos e de diferentes atores”.  O que nos coloca diante de uma metodologia caracterizada pelo diálogo e vivências que permitirão o desenvolvimento de uma estratégia de efetiva cooperação composta de princípios fundamentais: confiança mútua (particularmente entre os próprios estudantes); visão comum, baseada na produção do conhecimento interdisciplinar.

Os  ciclos de cooperação numa dimensão  dialógico vivencial pode ser resumido em  etapas básicas que são: .de formação, de vivências e de estudos. Essas são etapas cujas ações se interligam formando  um  campo de intervenção que interliga   ações de extensão ao de ensino e a pesquisa.

A Etapa Básica 1 – constitui-se   dos Ciclos   Formação de extensionistas num processo interdisciplinar, através de uma abordagem de temáticas específicas sobre extensão Universitária cuja ênfase se volta para temáticas especificas no campo  ambiental, educacional, diversidade étnico-racial, cultural e comunicacional numa perspectiva popular.

A Etapa Básica 2 – constitui-se de Ciclos de Vivências em Comunidades de Matriz Indígena. As vivências acontecerão após realização dos ciclos de formação, em que os cursistas e vão à campo e assumem a função de facilitadores no registro  das falas, que serão utilizados como  subsídio para o entendimento das dinâmicas territoriais do espaço dessas comunidades tradicionais no que tange aos aspectos ambientais, ecológicos, culturais, religiosos e etc..
 
A outra ação de vivência será planejada com a Casa de Cultura Ilé Asé d'Osoguiã – IAO, reconhecida  como casa de  Matriz Africana, com a mediação do  estágio, com a  finalidade complementar a formação dos estudantes de licenciaturas que com um período regular de aprendizado prático, considerando que a casa celebrou o convênio coma UFPB objetivando o desenvolvimento de programas de estágio curricular.




A Etapa Básica 3 reside nos ciclos de Estudos-pesquisas sobre África e América do Sul na busca de compreensão sobre questões ambientais, culturais, geográficas e políticas, sob um viés interdisciplinar, numa tomada de posição, face ao problema do conhecimento,  isto é, dos problemas com os quais nos defrontamos, acerca do trato com questões a serem  indicas nos estudos.

A Etapa Básica 4  é apenas de   apoio e colaboração com a agenda  de Encontros acadêmicos  que envolve dos estudantes Africanos, sudamericanos, vinculados ao PEC-G; PEC-PG e Programa de mobilidade internacional, cuja agenda é construída a cada semestre, podendo esses encontros serem cediados por outras Universidades Federais.localizadas na região nordeste do Brasil.
Avaliação:
Pelo Público
 A avaliação será desenvolvida pelo público através de instrumentos avaliativos para cada etapa com foco no coletivo.  O cursista ao avaliar expõe sua capacidade de observar, argumentar, desenvolver criticas que  possibilita a equipe  reorientar o planejamento das atividades, as sequências didáticas dos ciclos formativos, de estudos e vivências. Na Edição do PROBEX-2014 os instrumentos foi elaborado com base em critérios discutido coletivamente, facilitando o envolvimento dos cursistas em colaborar com o processo avaliativo.

 Pela Equipe

A Avaliação da equipe se dará após cada etapa realizada com a apropriação e análise dos instrumentos avaliativo entregue pelos Cursistas.  A avaliação é um parâmetro importante no aprimoramento da linha que a equipe deseja seguir na ação interdisciplinar para que esta não aconteça num sentido ‘frouxo’, menos ‘rigoroso’, considerando que a ideia de ‘interdisciplinaridade’ não significa juntar estudantes de diferentes áreas, é mais complexo. A proposta precisa ser robusta e estar completamente ligada à perspectiva dos objetivos traçados na proposta.

 Membros da Equipe de Execução:


Prof. Dr. Rómulo Marino LLamoca
Prof. Dr. Paulo Palhano
Dra.  Iolanda Oliveira
Bubacar Embalo



Obs.: Estamos em processo de seleção para ampliação da equipe