Resumo da
Proposta:
A proposta de trabalho Ciclos de Cooperação
Dialógico-Vivencial no Campo da Extensão Universitária, visa dar continuidade as ações do PROBEX-2014. Nessa edição
as ações de
extensão são classificadas em projeto, como prática que interliga atividades de extensão a de ensino e de pesquisa se encaminhando para a perspectiva da produção
interdisciplinar de conhecimento que ocorre em meio a problematizações que
consiste num empreendimento coletivo (e controverso) para conhecer as
realidades sociais através de diálogos interculturais e
multi(inter)disciplinares com representantes das Aldeias Indígenas e das organizações de Matriz Africana.
Caracterização do Problema
Neste projeto de extensão o
problema focalizado, são os saberes
disciplinares isolados e a dificuldade no campo da formação de transcender a
organização disciplinar do conhecimento. O termo interdisciplinaridade segundo Lélé
& Norgaard (2005, p.967), colabora para “descrever todos os tipos de
cruzamentos entre as disciplinas, desfazendo as sutis diferenças entre multi,
inter e trans, levantadas em discussões mais elaboradas sobre o assunto”. Aspecto, que requer no campo da extensão uma metodologia de base interdisciplinar que ajude a transcender
os limites circunscritos pela organização
disciplinar do conhecimento nos campos das Ciências
Biológicas, das Ciências Exatas, das Ciências Humanas e Sociais e das Ciências
Agrárias. Portanto, cabe aqui problematizar quais são os
significados da interdisciplinaridade na formação de estudantes-extensionistas?
Se o significado de
interdisciplinaridade evidência um cruzamento de saberes disciplinares no campo
científico da cooperação e da comunicação? Este são problemas de fundo que anima as
análises que dá sentido ao debate da (multi(inter)disciplinaridade no campo da
extensão, suas possibilidades e impasses.
Justificativa:
O
projeto Ciclos de Cooperação
Dialógico-Vivencial no Campo da Extensão
Universitária, num víes interdisciplinar, constitui
uma proposta no tripé extensão, ensino e pesquisa, com a finalidade de
aproximar o conhecimento com a realidade social em suas dimensões: históricas,
culturais, linguísticas, econômicas e
políticas. O foco na formação de estudantes-extensionistas prevê certas
especificidades temáticas para as quais as disciplinas isoladamente são
insuficientes, assim, a interdisciplinaridade, surge como processo na produção
de conhecimento para explicar fenômenos complexos e interdependentes, como os
problemas ambientais, cada vez mais relacionados à educação,a cultura, a
comunicação e ao desenvolvimento. Deste modo, a relevância acadêmica dessa proposta se dá na articulação
das atividades formativo-vivenciais e de estudo com o Projeto Pedagógico do
Curso de Graduação articulado ao estatuto
ou regimento, com as adaptações regulamentares sobre as atividades complementares que
têm a finalidade de enriquecer o processo de ensino-aprendizagem,
privilegiando a complementação da formação. Nessa proposta as atividades
complementares serão integralizadas via o curso de extensão que traduz compatibilidade
de carga horária e conteúdo programático, a ser trabalhado mediante o viés da interdisciplinaridade.
A relevância acadêmica da proposta também se
dá através formação extracurricular que favorece estudantes vinculados ao
Programa de
Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) que constitui um dos instrumentos de
cooperação educacional, que o Governo brasileiro oferece a outros países em
vias de desenvolvimento, especialmente da África e da América Latina. Originado
de forma pontual desde o final da década de vinte, tendo sido administrado exclusivamente
pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE ou Itamaraty) até o ano de 1967, o
PEC-G é desenvolvido, desde então, com base na assinatura de Protocolos
conjuntos com prazos indeterminados entre dois Ministérios: o da Educação
(MEC), com a participação das Instituições de Ensino Superior (IES), e o
MRE,com a participação das Missões diplomáticas e Repartições consulares.
Esses protocolos, avaliados periodicamente em função dos resultados apresentados pelo desempenho dos estudantes–convênio e das observações encaminhadas pelas IES participantes aos gestores do PEC-G, juntamente com o Manual do Estudante-Convênio, constituem a regulamentação própria do Programa, tudo de acordo com o Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815/80, Lei 6.964/81 e Decreto nº 86.715/81). Como beneficiário de Acordos culturais, o estudante-convênio tem direitos e deveres específicos de sua condição de participante do PEC-G, que o diferenciam dos estudantes regulares. A observância rigorosa dos deveres inclui a dedicação exclusiva aos estudos: como o estudante-convênio vem ao Brasil exclusivamente para fazer um curso superior, não lhe é permitido trabalhar. Sua dedicação aos estudos deve ser total, para que seu índice de rendimento seja bom e lhe permita concluir o curso no prazo permitido. Em caso de estágio curricular, ou de participação em trabalho de iniciação científica, de Extensão Universitária e de monitoria, o estudante-convênio poderá receber bolsa, desde que não se estabeleça vínculo empregatício e nem se caracterize pagamento de salário pelos serviços prestados.
Um dos critérios de seleção para que os alunos tenham acesso a bolsa de Auxílio Financeiro Projeto MEC/PROMISAES (Projeto Milton Santos de Acesso ao Ensino Superior), além da situação socioeconômica do aluno e/ou seu grupo familiar; rendimento acadêmico do aluno e o envolvimento do aluno em atividades acadêmicas relacionadas com o curso de graduação que está cursando; atividades de ensino, pesquisa e (ou) extensão, em que pesem, preferencialmente, as contribuições o contexto cultural e social do país de origem (oficinas, eventos, seminários, monitorias, projetos de extensão, etc.). Observamos que esses são aspectos que fortalecem a orientação do MEC para que os cursos ofereçam práticas extensionistas como forma de devolução à sociedade do conhecimento acumulado.
Segundo
o parecer CNE/CES n.4/2005, o perfil desejado do formando em diferentes áreas é
a capacidade de compreender questões de caráter cientifico, técnico, social e
econômico, com a tomada de decisão em níveis graduais, assimilação de novas
informações, apresentar flexibilidade intelectual e se adaptar a diferentes
situações em seu campo de atuação, o que justifica a
ênfase ao entendimento acerca da interdisciplinaridade em oposição aos
conhecimentos especializados, já que a interdisciplinaridade possibilita um
intercâmbio real e enriquecimentos mútuos na compreensão da multiplicidade de
elementos que envolve a realidade das comunidades.
Objetivos:
O objetivo do projeto é desenvolver Ciclos
formativos, de estudos e vivenciais numa perspectiva interdisciplinar,
mediante uma atitude epistemológica e pedagógica que incorpora uma nova concepção
da relação do sujeito com o conhecimento. Os objetivos específicos consistem em:
- Realizar os ciclos de
Vivências/formações e estudos numa perspectiva interdisciplinar, de modo
a corroborar com a formação profissional, humana e cidadã dos estudantes e ajudar
na sua inserção político-social;
- Desenvolver a interlocução
contínua com os professores colaboradores para monitorar o processo de
desenvolvimento do trabalho interdisciplinar;
- Realizar o planejamento das vivências com as lideranças das Comunidades Indígenas e de
Matriz Africana, visando ações que atenda a demanda local;
-Apoiar ações organizada pela representação do PEC-G, que a cada ano realiza ações
relacionadas ao contexto dos seus países de origem abrindo para participação da comunidade acadêmica.
Fundamentação Teórica
e Metodológica do Projeto:
A questão educacional, ambiental,
cultural é, mais que um campo
disciplinar, pois nelas se entrecruzam o conhecimento técnico-científico; as
normas e os valores; o estético-cultural, regidos por razões diferenciadas,
porém não dicotômicas. Essas são questões
que requer um campo de comunicação intersubjetiva não viciado e não
manipulado para que a região comunicativa possa se dar efetivamente. Nesse sentido, pode-se considerar que a análise e problematização destes e de outros
temas indicados nessa proposta não cabem na unilateralidade, exigindo portanto,
um olhar multifacetado e interdisciplinar.
Nessa perspectiva a
interdisciplinaridade, no contexto da extensão ajuda a reconhecer a relação de
reciprocidade, de mutualidade, de interação, que se faz por meio de trocas de
conhecimentos visando ao enriquecimento mútuo. O diálogo do conhecimento
científico e tecnológico com formas variadas de saberes, o saber tácito, o
saber intuitivo, o saber popular, o saber informal, os saberes presentes em
toda a expressão da vida humana – é estimulado nesta proposta de modo a
deixar-se interpenetrar por elas, preservando-se, todavia, o olhar científico
sobre o fenômeno em estudo e processos
formativos nas atividades de extensão.
A
expressão extensão, para os autores Freire (1982) e Botomé (1996), deveria ser
substituída por outra, a expressão comunicação é sugerida, pois dá a ideia de
diálogo que deve ser constante e profundo com a sociedade. Deste modo, a
experiência educativa transformada em puro treinamento técnico, de acordo com
Freire (1996, p.33) “[...] é amesquinhar o que há de mais fundamentalmente
humano no exercício educativo: o caráter transformador”. Assim, o caráter
interdisciplinar educativo na extensão é adquirida processualmente, a partir da
agregação e apropriação de informações e conhecimentos fruto do acúmulo de
experiências engendradas.
Esse constituinte
interdisciplinar na “extensão”, pressupõe referência do cotidiano vivido, na sala de aula que fornece os conteúdos
dessa aprendizagem, potencializando um corpo de novas representações sobre a
realidade num campo de significações múltiplas
e diferentes, que nos remete a noção de extensão como processos interativos contínuos cada vez
mais complexos e abertos a
possibilidades transformadoras, como uma espécie de articulação da
prática de cooperação entre vários
sujeitos.
Procuramos delinear a metodologia com base no
princípio da autonomia dos estudantes na construção do conhecimento,
em que o processo de aquisição do saber é mais importante que o próprio saber.
Deste modo, o projeto desenvolve diferentes estratégias (procedimentos
específicos) para possibilitar e melhorar essa autonomia e, consequentemente,
ajudá-los a construir com o próprio conhecimento. Consideramos que outro
componente facilitador da autonomia e a interdisciplinaridade, sustentado pela
teoria sociocultural proposta por Vygostsky e colaboradores, segundo a qual a
aprendizagem ocorre a partir de interações significativas, são a chave para o
desenvolvimento social, afetivo e, sobretudo, cognitivo.
Os ciclos de cooperação numa dimensão dialógico vivencial pode ser resumido em etapas básicas que são: .de formação, de vivências e de
estudos. Essas são etapas cujas ações se interligam formando um
campo de intervenção que interliga
ações de extensão ao de ensino e a pesquisa.
A Etapa Básica 1 –
constitui-se dos Ciclos Formação de extensionistas num
processo interdisciplinar, através de uma abordagem de temáticas específicas
sobre extensão Universitária cuja ênfase se volta para temáticas especificas no
campo ambiental, educacional, diversidade étnico-racial, cultural e comunicacional numa perspectiva popular.
A Etapa Básica 2 –
constitui-se de Ciclos de Vivências
em Comunidades de Matriz Indígena. As vivências acontecerão após realização
dos ciclos de formação, em que os cursistas e vão à campo e assumem a função de
facilitadores no registro das falas, que
serão utilizados como subsídio para o
entendimento das dinâmicas territoriais do espaço dessas comunidades
tradicionais no que tange aos aspectos ambientais, ecológicos, culturais,
religiosos e etc..
A
outra ação de vivência será
planejada com a Casa de Cultura Ilé Asé
d'Osoguiã – IAO, reconhecida como casa
de Matriz Africana, com a mediação do estágio, com a finalidade complementar a
formação dos estudantes de licenciaturas que com um período regular de
aprendizado prático, considerando que a casa celebrou o convênio coma
UFPB objetivando o desenvolvimento de programas de estágio curricular.
A Etapa Básica 3 reside
nos ciclos de Estudos-pesquisas sobre África e
América do Sul na busca de compreensão sobre questões ambientais, culturais,
geográficas e políticas, sob um viés interdisciplinar, numa tomada de posição,
face ao problema do conhecimento, isto
é, dos problemas com os quais nos defrontamos, acerca do trato com questões a
serem indicas nos estudos.
A Etapa Básica 4 é apenas de
apoio e colaboração com a agenda
de Encontros acadêmicos que envolve dos estudantes Africanos,
sudamericanos, vinculados ao PEC-G; PEC-PG e Programa de mobilidade
internacional, cuja agenda é construída a cada semestre, podendo esses
encontros serem cediados por outras Universidades Federais.localizadas na
região nordeste do Brasil.
Avaliação:
Pelo Público
A Avaliação da equipe se dará após cada etapa
realizada com a apropriação e análise dos instrumentos avaliativo entregue
pelos Cursistas. A avaliação é um parâmetro importante no
aprimoramento da linha que a equipe deseja seguir na ação interdisciplinar para
que esta não aconteça num sentido ‘frouxo’, menos ‘rigoroso’, considerando que
a ideia de ‘interdisciplinaridade’ não significa juntar estudantes de
diferentes áreas, é mais complexo. A proposta precisa ser robusta e estar
completamente ligada à perspectiva dos objetivos traçados na proposta.
Membros da Equipe de Execução:
Prof. Dr. Rómulo Marino LLamoca
Prof. Dr. Paulo Palhano
Dra. Iolanda Oliveira
Bubacar Embalo
Obs.: Estamos em processo de seleção para ampliação da equipe